Programa de Educação Tutorial (PET): Como funciona?
Em 1979, ao criar o Programa de Educação Tutorial (PET), o Ministério da Educação e Cultura indicou que seu intuito era qualificar e fortalecer o Ensino Superior no Brasil. Com este propósito, o trabalho tem sido realizado por grupos formados por um(a) tutor(a) e até 18 estudantes que propõem e desenvolvem, anualmente, um plano de atividades que articula ações ligadas à pesquisa, ao ensino e à extensão. Atualmente, este Programa abrange 842 grupos vinculados a 121 IES – Instituições de Ensino Superior – totalizando aproximadamente 15.000 alunos de diferentes áreas de formação profissional . Em nosso caso, o grupo foi constituído ao término do ano de 2014 e atualmente trabalhamos com 14 licenciandos de áreas distintas que desenvolvem, desde 2015, ações na Universidade Federal Fluminense e em uma escola pública localizada no município de Niterói/RJ. Dentre os objetivos que traçamos, destacamos:
Contribuir com a formação para a docência de alunos das licenciaturas, por meio da revisão, ampliação e produção de saberes referentes ao magistério, em especial, aqueles relacionados ao desenvolvimento de práticas/projetos interdisciplinares;
Fomentar a formação de lideranças que articulem conhecimentos científicos e compromisso social; potencializar o gosto e o interesse pelo magistério e minimizar as dificuldades que possivelmente enfrentarão ao ingressar neste campo profissional;
Favorecer a aprendizagem e/ou a revisão de conteúdos já estudados, em articulação com a produção de materiais didáticos e o desenvolvimento de metodologias variadas;
Compreender e implementar práticas afinadas com a abordagem interdisciplinar e desenvolver uma postura investigativa que instigue a análise e a revisão das decisões tomadas;
Participar de ações voltadas para a difusão dos conhecimentos produzidos ao longo do envolvimento neste Programa e contribuir com o processo de formação de outros estudantes da graduação.
Em consonância com os objetivos citados nossas ações têm sido desenvolvidas continuamente e, na maior parte das vezes, em concomitância, ao longo de 20 horas semanais. No entanto, para que sejam melhor compreendidas optamos por organizá-las, neste texto, em seis tópicos:
1) Encontros entre os bolsistas (na UFF e na Escola)
Ao longo da semana, os discentes se reúnem na FEUFF para a realização de estudos e debates de obras referentes à Educação. Também se dedicam à elaboração do projeto interdisciplinar que será desenvolvido na escola, após a fase de aproximação, bem como à produção de materiais didáticos. Esse projeto é produzido com base nas observações feitas nesta instituição, no decorrer da fase de aproximação descrita no terceiro tópico.
2) Reuniões semanais com a tutora (na UFF)
Uma vez por semana, discentes e tutora discutem informações relacionadas aos textos estudados e aos vídeos/documentários assistidos, para que possíveis dúvidas sejam sanadas e determinados assuntos sejam aprofundados. Tomam decisões em conjunto acerca dos encaminhamentos das ações do grupo; avaliam continuamente as ações adotadas e selecionam/analisam os materiais produzidos.
3) Fase de aproximação com a escola
No início de 2015, o grupo definiu coletivamente a escola com a qual trabalharíamos e entramos em contato com a direção desta instituição, a fim de convidá-los a formar uma parceria. Para tanto, esclarecemos, em linhas gerais, os detalhes do trabalho que pretendíamos realizar. Com o aceite da equipe escolar os licenciandos iniciaram a fase de aproximação com a escola, para que fosse possível estabelecer vínculos e colaborar com o trabalho realizado por alunos e professores do ensino fundamental II, além de levantar necessidades/dificuldades e ampliar seus conhecimentos acerca do magistério. Em função disso, organizaram-se em dois subgrupos e acompanharam duas turmas do sexto ano. A cada ida à escola, anotavam em uma ficha de observação, previamente preparada pela tutora, informações relacionadas aos conteúdos trabalhados pelos professores, às dúvidas e às dificuldades dos alunos, metodologias e recursos didáticos utilizados, entre outras. Cada bolsista registrou continuamente em um diário, suas impressões, aprendizagens, dúvidas, dificuldades e questões de seu interesse. Todo este material foi periodicamente discutido/compartilhado em nossas reuniões e nos auxiliou a rever ou a manter as ações previamente planejadas.
4) Elaboração do projeto e produção do material didático
Ao término da fase de aproximação (primeiro semestre de 2015), os licenciandos levantaram junto aos alunos da escola, os temas de seu interesse e indagaram aos professores quais conteúdos pretendiam trabalhar no semestre subsequente. Como foram subdivididos em dois grupos e inseriram-se em duas turmas do sexto ano, foi necessário preparar dois projetos. Com este intuito o referencial teórico de cada projeto foi produzido pelos bolsistas, corrigido pela tutora, debatido e ampliado por todos. Com os temas e conteúdos selecionados, consultamos documentos (curriculares) oficiais e produzimos a metodologia do projeto, adotando uma dinâmica semelhante a do referencial teórico. Ao término, o entregamos na escola para que professores, alunos e equipe pedagógica pudessem sugerir ou criticar algum aspecto. Com o aval da instituição iniciamos a produção do material didático.
5) Implementação do projeto
No segundo semestre de 2015, o projeto foi implementado junto às turmas citadas e os registros dos envolvidos expressam o volume e a qualidade das aprendizagens ocorridas na ocasião. Os dois projetos envolveram conteúdos curriculares previstos para aquele período do ano e temas como estética, gênero, relações raciais e democracia, o que suscitou na UFF e na escola, estudos e debates de caráter político, econômico e social.
6) Autoavaliação
Em nossas últimas reuniões de 2015, nos dedicamos às avaliações individuais e coletivas de todo o processo e elencamos elementos que precisam ser revistos e/ou alterados para o ano subsequente. Cabe esclarecer, que os registros coletados ao longo de todo o processo serão organizados, descritos, analisados, confrontados e nos ajudarão a produzir textos referentes a este trabalho e a analisar o processo que temos implementado.
Atualmente, este ciclo foi reiniciado e temos nos dedicado a divulgar as informações referentes a este processo junto aos alunos dos cursos de licenciatura da UFF.